Crítica - O Irlandês (The Irishman), 2019, de Martin Scorsese (crítica elaborada em 04.12.2019)
Acabo de assistir O Irlandês (The Irishman) do
Martin Scorsese. É um bom filme, com atuações bastante sólidas, com atores no
topo de suas carreiras (o que é bastante incrível, pois os atores principais
naquele filme têm na casa dos seus setenta e tantos anos!)
Não é o melhor filme, ou o melhor filme de
máfia, do Scorsese (nesse sentido, prefiro mais Mean Streets, Os Bons
Companheiros, The Departed, e, principalmente, Cassino - adoro Cassino! Adoro a
Sharon Stone, em Cassino!), mas é um bom filme, ainda que não excepcional.
Seguramente é melhor e mais sólido que
qualquer filme do Universo Marvel, que o Scorsese veio a criticar com toda
razão!
É um filme melancólico, que trata de temas
como decadência e envelhecimento, que tira o glamour do mundo da máfia, e que
mostra como o crime ao fim não compensa - todo mundo no filme termina morto, ou
preso, ao fim (pelo menos nos EUA. Aqui no Brasil a gente sabe que infelizmente
não é bem por aí...).
Fiquei impressionado com a atuação do
trio principal, Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci, esse último sendo
retirado de uma aposentadoria de décadas por muita insistência dos amigos,
principalmente De Niro. Todos merecem indicações ao Oscar por seus papéis, seja
na categoria principal, ou coadjuvante, e todos estão excelentes!
Pacino faz Jimmy Hoffa, o Lula norte-americano
da época, sindicalista poderosíssimo e carismático, presidente do Sindicato dos
Caminhoneiros dos EUA (International Brotherhood of Teamsters), maior sindicato
dos EUA, durante toda sua vida acusado de ter ligações com a máfia
norte-americana e que, segundo alguns, seu desaparecimento se deu a mando desta
(o filme encampa esta teoria).
De Niro faz o papel principal, que carrega o
filme, de Frank Sheeran, norte-americano descendente de irlandeses (o
"irlandês" do título), que trabalhou como matador e segurança para a
máfia norte-americana e para Hoffa, e ao final da vida teria confessado ter o
matado. De Niro carrega o filme com tranquilidade e sem remorsos por suas ações
em praticamente todas as cenas.
Por fim, Pesci faz Russell Bufalino, "the
quiet Don", o chefe da máfia ítalo-americana em Pensilvânia, para o qual
Sheeran trabalhava e que mantinha contato com Hoffa. O que os personagens de
Pesci tinham de pavio curto e impulsivo em Goodfellas e Casino, ele tem de frio
e calculista, em O Irlandês. São personagens completamente diferentes, a
despeito de serem todos mafiosos ítalo-americanos.
O filme, que dura quase três horas e meia, tem
um bom ritmo, podendo ser assistido em algumas partes, como uma minissérie e
foi controverso por ter custado quase 200 milhões de dólares pelo
rejuvenescimento dos atores, todos septuagenário, interpretando em algumas
cenas homens na faixa dos 30, 40, 50 e 60 anos... Ademais, De Niro recebe um
par de olhos azuis por todo o filme, por fazer papel de um descendente de
irlandeses.
Os efeitos não me convenceram tanto quando os
atores estavam na casa dos seus trinta, quarenta anos, claramente parecia
artificial e eles aparentavam terem muito mais idade do que interpretavam, sua
própria postura corporal não convencia tanto. A partir de quando estão com 50,
60 anos no filme, funciona melhor. Porém as atuações são tão boas, a direção,
roteiro, edição, fotografia e trilha sonora são tão consistentes, que logo se esquece
desse detalhe!
Não é um filme perfeito, mas é um bom filme.
Nota 8,5 ao meu ver!
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