(Publicado originalmente no Linkendin, na época das eleições francesas de 2017)
Eleição na França hoje.
Eleição na França hoje.
Principal previsão: Emmanuel Macron e Marine Le Pen no segundo turno.
Ao final, muitos franceses que simpatizam com Le Pen e com sua plataforma, ficarão com vergonha de votar nela no segundo turno, para não serem taxados de racistas, xenófobos, fascistas, etc. (recorda-se que a França tem um forte espírito solidarista, e muitos franceses querem se ver como modernos, conectados com o mundo e "avant-garde").
Macron , político jovem, ainda não testado pelas urnas, que evita rótulos, mas se aproxima do "centro", ou, "não sou de direita, nem de esquerda, nem de centro" (mas que recorda-se era filiado até recentemente ao Partido Socialista e foi Ministro da Economia do atual presidente socialista, François Hollande), com o apoio de todos, inclusive, da direita gaulista (Os Republicanos, ex-UMP), dos Socialistas, da grande mídia, de Soros e do Open Society, do sistema financeiro internacional, da União Européia, se elegerá presidente.
Independente do vencedor, a França corre o risco de seguir estagnada e mergulhada no caos econômico e social (recorda-se que Macron criou uma legenda que não é um partido, que não possui uma única cadeira sequer no parlamento francês. E para governar terá que obter apoio de algum dos grandes partidos, seja a UMP, seja os socialistas).
Protestos poderão continuar a ocorrer de forma violenta, sobretudo por pautas reformistas de Macron.
É minha previsão.
Previsão alternativa: Le Pen não leva agora em 2017, mas em 2022, a depender do governo que Macron fizer, levará.
Ele é a última chance que há de abortar as chances da Frente Nacional chegar ao poder...
Se houver descontentamento com o Governo Macron pelos próximos cinco anos, ele visto como alguém fora do sistema (não está ligado a nenhum dos grandes partidos, apesar de, recorda-se, ter sido filiado ao Partido Socialista no passado), o eleitorado francês em sua maioria finalmente votará na Frente Nacional.
Não tenho uma bola de cristal, mas essa é minha previsão, como indivíduo, acadêmico e estudioso dos sistemas políticos-eleitorais, sobretudo o sistema francês...
Por último, confesso que, a despeito de crer que a adoção do Euro foi um desastre para toda a Europa, em termos de políticas econômicas, prefiro bem mais o Macron, que a Le Pen (tampouco me identifico com o tom excessivamente xenófobo de Len Pen - e me considero um francófilo, um amante da França). Na ânsia de conquistar o trabalhador francês, suas propostas são quase tão socialistas e tão intervencionistas quanto as defendidas pelo Partido Comunista francês (1)... (sua sobrinha, Marion, que é deputada, inclusive disse que a FN tem mais afinidade com os eleitores do candidato comunista Melechen - que recorda-se queria tributar em 90% rendimentos considerados mais elevados -, do que com os eleitores de Macron...) (2)
Ao final, é como sempre dizem, a extrema-direita, e a esquerda-esquerda, têm muito em comum, sobretudo seu nacionalismo exacerbado e mentalidade estatizante...
(1) Fonte: http://www.ilisp.org/artigos/18-propostas-socialistas-de-marine-le-pen-candidata-que-midia-chama-de-extrema-direita/