Vi Coringa (Joker), com o Joaquin Phoenix.
O filme, mais que é um filme de quadrinhos (aliás, apenas incidentalmente é um filme baseado em um personagem de história em quadrinhos), é um filme de estudo sobre doença mental, principalmente no contexto de shooters, homens solitários, que sentem alienados pela sociedade de consumo, não arranjam bons empregos, relações afetivas e uma hora explodem com a sociedade que consideram injusta consigo...
Por isso, para muitos críticos está sendo considerado um filme perigoso...
Claramente, percebe-se para o diretor Todd Philips a influência de cineastas e filmes independentes norte-americanos do final dos anos 70/começo dos anos 80, em obras que tratam de homens alienados e incompreendidos pela sociedade em que estão inseridos, como Dog Day Afternoon (Um Dia de Cão, 1975, de Sidney Lumet), One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho Ninho, 1976, do Milos Forman), Blown Out (1981, do Brian de Palma), porém sobretudo e especialmente Taxi Driver (1976) e The King of Comedy (O Rei da Comédia, 1982), esses dois últimos do Martin Scorsese.
Aliás, o filme é uma grande homenagem a Scorsese, ao inclusive colocar Robert De Niro, ator principal nos dois filmes supracitados, como um comediante veterano que é o ídolo máximo de Arthur Fleck, o personagem interpretado por Joaquin Phoenix.
Aliás, o filme é uma grande homenagem a Scorsese, ao inclusive colocar Robert De Niro, ator principal nos dois filmes supracitados, como um comediante veterano que é o ídolo máximo de Arthur Fleck, o personagem interpretado por Joaquin Phoenix.
O personagem de Phoenix, um palhaço e comediante frustrado com problemas mentais, obcecado por seu ídolo (De Niro), e que pouco a pouco vai enlouquecendo e perdendo o contato com a realidade frente à sua rejeição pela sociedade, é bastante parecido com Rupert Pumpkin, então interpretado por De Niro em O Rei da Comédia (o personagem que seria equivalente em The King of Comedy, foi interpretado pelo verdadeiro rei da Comédia à época, Jerry Lewis - ou seja, Scorsese à época prestou uma homenagem à Lewis, e agora Philips presta uma homenagem, dentro do contexto dessa atual geração, viciada por filmes baseados em história de quadrinhos, smart phones e tecnologia, mas com pouco interesse por filmes clássicos – o que é uma pena – à Scorsese. Todo cinéfilo busca suas referências em filmes feitos pela geração anterior).
Realmente o filme é bastante assustador e interessante e caminha para ser o filme mais polêmico e controverso da atual geração, na mesma medida que Clube da Luta (1999) foi o filme polêmico e controverso da minha geração, e Laranja Mecânica (1973), o filme polêmico e controverso da geração dos meus pais.
Não achei o filme perfeito, algumas questões no roteiro não me convenceram, porém por todas as questões narradas, pelo meu amor ao cinema, e finalmente, aos que verdadeiramente me conhecem sabem, pelo meu fascínio pela obra do Martin Scorsese, em especial em sua fase de parceria com o De Niro (nem entrei no seara que sou fã dos quadrinhos do Batman, rs), verdadeiramente recomendo esse filme!